sábado, 30 de janeiro de 2010

Durante o silêncio.

Os dois sofriam, mas por diferentes motivos. De um lado havia a decepção e a sensação de que falhara em algo que nunca deveria ter falhado. Do outro lada era um pouco mais complicado. Havia algo como vergonha, mas ele não podia aceitá-la e se contentava em contê-la. Com toda certeza havia, também, tristeza, pois o outro lado era incapaz de aceitá-lo. Os dois lados se mantinham estáticos, sem coragem de fitar os olhos um do outro, incapázes, também, de sair do quarto. Mas, o fizeram. Afinal o tempo, além de valioso, é indiferente ao sofrimento que era só deles.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Minha opinião da tragédia.

Como pode se preocupar com um mísero terremoto no distante Haiti? Como pode estar pensando na droga de milhões de pessoas mortas em outro país? Será que não me vê fingir estar bem para que assim possa me rotular de mártir e sei lá... Como posso vomitar um lixo desses. Talvez devesse doar dinheiro para os pobres haitianos. É, vou sim. Vou sim mas, hoje não. E você, fica longe.

História de um retardado.

Um garoto retardado resolveu usar uma discussão com o pai para desabafar, afinal era orgulhoso demais para deixá-lo saber que fazê-lo era o que mais desejava. Contou-lhe tudo: que fumava, que bebia e que estava namorando. Mas, não uma garota e sim um cara.
Até aí tudo bem. O pai o ajudou a contar para a mãe,que teve como primeira ideia levá-lo ao psicólogo. Eles acabaram fazendo terapia em grupo e ouvindo da psicóloga tudo o que o garoto já sabia, ou deveria saber: ele era normal, mas seus pais "podem estar tendo dificuldades em se adaptar com isso tudo".
Agora o pai reza toda vez antes que seu pequeno reatardado saia para que ele não beba, fume, use outras drogas ou, pior, arranje um novo namorado. Além disso, o retardado tem de escutar que quando resolve pintar o cabelo está expondo sua família ao ridículo. Mas, seu pai não sente vergonha, não mesmo.
Hoje ele pensa em como teria sido se mantivesse sua ideia inicial: sair de casa sem nunca contar nada e sumir no mundo sem deixar rastros. Mas não se arrepende, não mesmo. E metade da ideia ainda está de pé.