sábado, 7 de agosto de 2010

Aparição

...

As vezes, numa fração de segundos, eu a vejo
sentada na antiga cadeira que levaram
e é nessa fração de segundos
que todo esse meu receio estúpido desaparece.
Mas nos segundos seguintes
a miragem some
e o cômodo torna-se deserto
inóspito e incômodo.

Inútil, vazio e sinistro
como morrer.

4 comentários:

  1. a como me lembra a minha bissa comigo no colo quando ela era viva e eu pekenina

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  2. Os sonhos, e as aparições sempre me parecem mais reais, mais concretas, melhores. É deles que eu vivo, e acredito que toda a humanidade também viva deles.

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  3. Como viver.

    éphémère, como a própria vida.

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  4. A morte só se torna estranha para nós quando a conhecemos. Dói...
    Uma amiga escreveu um dia o seguinte poema com o nome: Morte

    Não
    Vivi
    Inteiro
    O mais curto
    Inexplicável
    Derradeiro dia
    Houve um imprevisto

    Isso traduz muita coisa que senti na tarde em que soube da morte do meu avô a dois anos. Na tarde em que perdi histórias sobre mato, cobras e carvão. Quando perdi sinais de trapaça em jogos de carta. Quando perdi tardes na rede...Mas eu não estava sozinho...e você também não precisa estar.

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