domingo, 29 de novembro de 2009

Algo que some.

Havia algo de incrível. Algo que fazia tudo parecer sublime, que me levava ao êxtase sem dificuldade. E, com certeza, havia algo de divino que me forçava à cultuá-lo. Não, eu o fazia por querer. Mesmo porque a outra opção seria não adorá-lo.

Uma vez passei o dia com ele, o dia inteiro, e no final da tarde nós compramos vinho. Barato, tinto e doce.

Jovem, sofisticado e tentador; novamente me pegava a adorá-lo , nem mesmo meus sentidos torpes de álcool o deixava escapar. Não importava que tudo ao redor tornara-se abstrato, ele se manteria belo, culto e incrívelmente atraente.

Certo dia, numa conversa qualquer, ele deixara escapar um elogio à mim: interessante. Interessante! Minha cabeça girou,... não! dançou. Senti-me um tanto quanto débil, como quando retorna-se de um sonho muito denso.Por pura pretensão fingi também deixar escapar-lhe um elogio, sendo isso uma mensagem inculta: "Me compra, me compra!" e o mais incrível foi que ele comprou.

Porém me arrependo. Sim, me arrependo. No momento em que meus desejos foram satisfeitos eu não poderia estar imerso no mais sublime gozo. Mas, desde esse ocorrido, você perdera a graça, tornou-se monótono e desinteressante; triste.

Talvez eu seja cruel e toda essa obsessão passageira. Como algo que some...

sábado, 21 de novembro de 2009

Choro

Melodia triste vinha de seu quarto. Sua voz rouca e absurdamente perfeita atravessava a rua até meus ouvidos junto com a sensação de pesar...

Triste. Triste e bonito. Passei a esperá-lo todo dia. Quando o céu ficava laranja eu ia para varanda, sentava no frio mármore e escutava. Só escutava... as vezes chorava.

A música era tão leve, tão translúcida, ... como fumaça. Como fumaça subia expandindo-se e me hipnotizando enquanto dançava evanescente.Cheguei a sonhar com a música, triste e bonita, mas nunca mais a escutei.

Chorei sob o céu laranja, sem música alguma.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Martírio


Talvez fosse para ser difícil. "Se fosse mesmo para ser fácil nos comunicaríamos por telepatia." Ou, talvez, eu tenha dificultado as coisas... "As coisas". Nem capaz de citar o nome sou.

Foi difícil enxergar quando atravessei a fronteira entre o prazer e a dor. Isso deve ter alguma relação com o fato de eu escrever "prazer" ao invés de "amor". Ou não.

Caso leia, e perceba ser sobre você, não pense que estou arrependido, pois não estou. Pelo menos não pelo que pensa, se é que ainda sei o que pensas. Foi tudo um erro e quando errei de novo tudo se arranjou.

Sinto, agora, que cada pedaço de meu ser tende ao erro. É como se eu pensasse que para direita se chega à esquerda e vice-versa, mas isso é só uma forma babaca de se ver...

O pior é que enquanto houver lembranças haverá martírio. Mas, não foi minha cara de mártir que te trouxe à mim?

domingo, 15 de novembro de 2009

Saudosismo e Solidão.

Ela é bonita; bonita e inteligente.Mas o mais importante era que ela e todos o sabem.

No ano passado ela prestou vestibular para seis faculdades, passou para cinco. Sempre quisera estudar na UFRJ, mas a rural, ao não classificá-la, pareceu tão necessária.

Hoje ela cursa psicologia, na rural.

Ela está namorando. Sua namorada chama-se Hellena, assim com dois "ls", mas todos a chamam de Helen, ou será Hellen?

Eu, particularmente, não curto essa Helena. Sabe, desde que a conheço, ela é adepta da monogamia, porém ela e essa tal Hellena têm um "relacionamento aberto".

Gostava de como ela era antes: próxima. Nenhum de nós era feliz, tampouco triste. Talvez melancólicos.

Talvez essa mudança é natural e eu tenha ficado para traz; perdido.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Toque de Recolher


O toque de recolher tem sido mostrado por alguns juízes como a salvação dos jovens. O que eles esquecem de frizar é que essa medida fere direitos previstos por lei, criminaliza os jovens e os expõe a mais perigos.

Os defensores do toque de recolher se esquecem de um direito básico, que, inclusive consta em nossa constituição: o direito de ir e vir. Sem mencionar o direito dos pais de criar seus filhos de acordo com seus valores, sendo assim, obrigados à trancafiar seus filhos em casa.

Simpatizantes dessa medida ficam felizes ao dizer que os adolescentes, agora, ficam longe das drogas entre outras coisas, mas parecem cegos em relação à violência que adolescentes de, até mesmo, treze anos sofrem por parte dos militantes, marginais que facilmente burlam o toque e ao preconceito que a não tão longo prazo se criará, marginalizando a imagem dos adolescentes.

Com a educação necessária, o fácil acesso à informação e boas condições de vida, não só os jovens, mas todos se manteriam longe de tudo o que o toque de recolher tenta combater e de maneira mais ética.

Texto de Edson.
Foto de Maria Alice