Andava sozinho pela praia de madrugada enquanto fumava seu cigarro. Sentou-se num ponto qualquer da praia, onde era recebido pela brisa marinha, e tragou monótonamente. Soltou a fumaça e fitou-a desvanecer no ar enquanto pensava no que acabara de acontecer. Pensava e repensava em como aquilo poderia ter acontecido. Ele tentava encontrar qualquer motivo que a levasse a traí-lo e isso o torturava.
O maço que a pouco tinha comprado estava vazio e ele cheio de tudo. Estava cansado do trabalho e de seu chefe, puto com a piranha da sua esposa e ainda mais puto com o cigarro vagabundo que queimou rápido demais. Ao longe ouviu uma música, ela vinha de um bar que tinha ali perto, o que o levou a imaginar-se bêbado nos braços de uma mulher qualquer no mesmo estado.
Assim comemoraría a prorrogação de sua vida, porém lembrou-se de que era terça e que no dia seguinte ainda teria de trabalhar. Não importava que, nesse momento, não quizesse mais viver. Quando a depressão passasse ele iria querer e precisaria de dinheiro para isso.
Decidiu que não estragaria sua vida mas se deixou ficar mais um pouco ali, aproveitando a solidão. E enquanto assistia quarta-feira acordar recolheu os cacos de sua alma e foi pra casa dormir, de onde expulsou sua mulher. O dia sería longo.
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