terça-feira, 28 de julho de 2009

Luana

" Outro texto pedido pela minha professora de Português, acabo de perceber que os que menos odeio são pedidos por ela. Por que será?"



Tinha acabado de fugir do enterro dos meus pais. Não suportava ver aquilo. Era como se estivesse assistindo à confirmação da perda das únicas pessoas que amava.

Eu estava correndo pelo cemitério e todos esses pensamentos fizeram meus olhos lacrimejarem tornando difícil de enxergar. Continuei a correr mesmo sem conseguir ver direito e acabei caindo no que temi ser um túmulo. Tentei me levantar mas senti uma dor horrível, quebrei meu tornozelo. Comecei a gritar por ajuda, mas ninguém pareceu escutar, então decidi esperar até que me encontrassem.

Se passaram algumas horas e ninguém apareceu. Estava começando a escurecer e eu a me desesperar quando ouvi uma voz melodiosa, porém abrupta, a perguntar: "Quem está aí?". Gritei por socorro e pedi que ela jogasse uma corda ou qualquer coisa para me ajudar a sair mas ela disse que não podia e então ela apareceu na minha frente.

Ela era linda, tinha cabelos pretos que pareciam sobras do lado de seu rosto branco e cintilante como a luz da lua, capaz até de iluminar o fosso onde estávamos. Mas tinha algo de errado com ela, ela era transparente.

Senti um pouco de medo mas não demonstrei. Conversamos um pouco e percebi que ela era solitária e triste. Senti pena de sua alma condenada a existir sozinha e decidi ficar com ela para sempre. Os dias passaram, ninguém me encontrou e minha pena se transformou em amor e eu morri sem água e pude existir para sempre ao lado de Luana, a fantasma.

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