terça-feira, 9 de novembro de 2010

Na casca de um perdido qualquer.

   Era um peso borbulhante na boca do estômago e um peso agudo cravado no crânio e como se não soubesse o que fazer para vencer a gravidade e extinguir a dor, tudo o que fez foi manter-se deitado na cama.
   Uma relação estranha a desses dois, ou nem tanto? talvez todas as relações sejam exames metódicos do Amor Imponderável, feitas exclusivamente para inflar nossos egos e evitar que subamos uma passarela qualquer, acima de uma via movimentada qualquer e pulemos sujando carros, asfalto e almas de cascas passantes.
***
   Era a espera de um telefonema, ensaiado exatas trinta e sete vezes para parecer espontâneo, convidando-o para sair e beber, o que ficava subentendido. E receber os resultados do exame, o que também ficava subentendido.
   Era a espera, o desistir de esperar e então voltar correndo e tremendo de pura excitação e um pouco de nervosismo a tempo de atender o telefonema e passar a ligação para seu verdadeiro dono. Daí, então, ele verdadeiramente desistiu. Na não-ligação disseram que o exame deu negativo, não havia nenhum Imponderável, mas o Crânio Cravado precisava de tratamento urgente.   

Nenhum comentário:

Postar um comentário