segunda-feira, 1 de agosto de 2011

É Eterno Enquanto Dura.

   Misturei carência, gentileza e aparência com vodka e o resultado foi algo parecido com paixão. Um longo beijo e o arrepio causado pelo encontro das pontas de nossos dedos com a pele nua embaixo de toda aquela roupa, que naquele momento, me parecia extremamente inconveniente, e logo caminhávamos de mãos dadas. Não fui capaz de compreender, não que isso fosse muito importante, como as pessoas não se desconcertavam com aquela demonstração tão aberta de afeto, mas esse pensamento se perdeu quase tão rápido quanto fumei meu cigarro ao perceber que isso o afastava e corri em direção ao choque dos lábios.
   Fui para minha casa e, no banho, minha sobriedade, há pouco recuperada, me alertava quanto a falsa profundidade do amor recentemente achado após anos de fria apatia e solidão. Amor, amor, e por quê não?Eu dizia. Não, simplesmente não. Obviamente não. Isso é desespero.Eu disse e, para consolar-me, continuei: De qualquer maneira, se o conhecesse, eu nada quereria com ele. Mas o que fazer com a promessa do fim da apatia e da solidão?Indaguei. Ignorar. Respondi e fui dormir.
   Acordei e minha visão de mundo estava tão pequena quanto sempre esteve e da experiência não tirei nenhum amadurecimento e nada eu tinha superado e em nenhum aspecto eu havia crescido. Esperança infundada e confusão evitável! Choraminguei e enquanto chorava o choro contido, desses que nos faz lacrimejar para dentro, me ridicularizei de forma violenta forçando-me a agir dignamente. Noite seguinte eu bebi e me apaixonei novamente, para, em casa, repreender a mim mesmo novamente enquanto chorava o choro contido dos frios e exilados.

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