sábado, 11 de agosto de 2012

Do Real e da Descrença

Mil odes fizera ao sonhado mar!
de espumas brancas como nuvens
d`um céu claro de verão,
de ventos frescos e almas jovens,
como dita a estação.

E outras mil faria!
Se quisesse ficar e sonhar.
Mas do sonho estava cansado,
então, com pressa nada comedida,
já que o queria materializado;
planejou sua ida.

Tão logo quanto chegou
ele as avistou:
lindas e brancas gaivotas.
Todas negras,
todas mortas.

Mas haviam outras aves.
Vivas aves canibais!
De ares sinistros e graves
Rodeando as que não viviam mais.

O mar? Um imenso esgoto!
E o ar? Cheirava a morto!
E as almas? Tinham mofo!

Já o poeta, outrora jovem e valente,
tornou-se inevitavelmente
um decepcionado descrente.

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